Prós e contras (sem IVA)

Crónica

Embora o tema do programa tenha sido, abstratamente, Touradas: Tradição ou espetáculo cruel, a ignição foi, sem dúvida, a questão do IVA para a tauromaquia e a discriminação fiscal de uma atividade especifica dentro do setor cultural: dois pesos e duas medidas fiscais para a cultura, sem fundamentação legal.

E no que toca ao IVA, como se faz com os touros que não investem, dois ou três muletazos para baixo, de castigo e, a matar.

Na minha opinião é pena, porque era um assunto vital e ficou remetido a nota de rodapé e votação online.

De resto foi hora e meia de secular debate ideológico, com arguição de todos os argumentos clássicos, fortemente demagógico e sustentado em conceitos preconcebidos do lado abolicionista, e defendido superiormente, com discernimento, razoabilidade, por vezes mais aceso, do lado pro-taurino.

A nota mais importante, a meu ver, foi a de encerramento, realçada pela própria Fátima Campos Ferreira, que acompanhou o pensamento e posição do Autarca de Santarém, e que não se esgota na tauromaquia, é, ou devia ser, transversal em todos os setores da sociedade e aqui sim, das sociedades modernas e evoluídas: a tolerância.

Embora representativa, viu-se já alguma união, fundamental nesta altura e para este fim, começando pelos autarcas e passando pelos profissionais do setor e, por outro lado demonstrou-se, mais uma vez, a tolerância, por vezes exasperante, do setor pro-taurino.

E o IVA continuava em tábuas, matado pero no muerto, com meia estocada prendida…

Pode ser que seja na próxima.

Não sei se houve vencedores ou derrotados, cada parte fará a sua leitura e num mundo cada vez mais subjetivo, como deliciosamente escreveu Saint-Exupéry, na sua obra-prima O Principezinho, onde um vê um chapéu, outro pode ver claramente uma jiboia que engoliu um elefante.

Importante é, mais uma vez para mim, que não deixando de ser um tema fraturante na sociedade portuguesa, a Tauromaquia voltou a debate, à ordem do dia, e isso sim é uma vitória.

Usemos então o defeso (entretanto alguém que o explique ao Sr. Louçã) para definir estratégias, unir esforços e espalhar a mensagem, para que no ano que vem, voltemos mais e mais fortes.

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